domingo, 24 de junho de 2012

Menos 440 mil empregos no país


Geralda Doca, O Globo
A crise internacional e a desaceleração da economia brasileira já afetam o mercado de trabalho. Embora os dados oficiais do governo apontem a criação de 737,8 mil empregos com carteira assinada no ano, uma análise mais aprofundada desses números revela que alguns setores importantes, como a agropecuária e a indústria, registram perda líquida crescente de vagas. 
No mês passado, já descontados fatores sazonais, a geração líquida de empregos no país foi de 52 mil postos (sem o ajuste, o número foi de 139.679), abaixo dos 90,6 mil registrados em abril, destaca o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Bradesco. O banco reduziu em 440 mil postos a estimativa de criação de empregos em 2012. Era de 1,7 milhão no primeiro trimestre e passou para 1,26 milhão
O estudo do Depec, baseado no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, mostra que o comércio, setor que de fevereiro a abril exibia recuperação na geração de vagas, voltou a reduzir o ritmo em maio. E, no setor de serviços, a desaceleração cresceu.
A análise mostra que até a construção civil, que apresentou o maior dinamismo entre os segmentos do mercado de trabalho nos quatro primeiros meses do ano puxado por lançamentos imobiliários antes da crise, recuou em maio, seguindo os demais setores com queda nas contratações.
Segundo o levantamento — que desconta fatores sazonais como safra e contratações atípicas — a criação de postos na indústria saiu de uma média mensal de 43,5 mil em 2010 para um resultado negativo de 1,4 mil entre abril e maio deste ano. O ritmo lento da economia afetou as contratações em cinco setores da indústria, que fechou postos de trabalho nas áreas de metalurgia, materiais de transporte, têxteis, calçados, alimentos e bebidas.
Até setor de serviços vem perdendo vagas
Na agropecuária, o quadro é preocupante, pois a média de desligamentos subiu de 2,4 mil em 2010 para 12,9 mil entre abril e maio deste ano. No comércio, a média de empregos criados em 2010 foi de 43,1 mil. Já nos primeiros dois meses do segundo trimestre caiu para 22,7 mil.
Mesmo no setor de serviços, que costuma suportar melhor as crises, o saldo médio de vagas caiu de 72,2 mil em 2010 para 48,4 mil entre abril e maio. Embora os serviços tenham respondido por quase a metade dos postos de trabalho, alguns segmentos, sobretudo instituições financeiras, transportes e comunicação, ensino, administração e venda de imóveis (corretores), e técnicos vêm perdendo vagas nos últimos dois meses.

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