domingo, 23 de junho de 2013

COM QUAL CARA JOSÉ DIRCEU SE OLHA NO ESPELHO?

No dia 18, ele queria povo na rua; no dia 21, ele já via uma grave ameaça da direita; no dia 18, chamava a PM de SP de violenta; no dia 21, de omissa. Ele já teve duas caras diferentes, mas a de pau continua a mesma!

Reinaldo Azevedo
(...) Tudo, gente! Todo mundo teria direito a tudo. Eu seria um sonho encarnado de Platão: um tirano bonzinho! Por que essa introdução? Porque vou falar de José Dirceu, e isso sempre desperta em mim a vontade de falar sobre outra coisa. Mas vá lá.
No dia 18 deste mês, um dia depois da passeata em São Paulo que reuniu 65 mil pessoas e, estima-se, 100 mil no Rio, o Zé era puro entusiasmo. Estava feliz. Não se esqueçam de que o PT, como antecipei aqui, havia aderido à manifestação. Já contei os bastidores dessa história. O objetivo era atacar o governo Alckmin, fazer proselitismo eleitoral, desviar o foco do preço da passagem para a “repressão policial” e coisa e tal. Os estafetas do Zé, que fazem o seu blog, escreveram, então, o que segue, com a sua concordância, e claro! 
(Leiam AQUI)
Se eu tivesse assinado uma porcaria dessas, acho que ficaria uns seis meses sem mostrar a cara. Prestem atenção aos trechos em destaque. Ele não tinha entendido nada. Já detalhei aqui como setores do petismo — incluindo José Eduardo Cardozo — tentaram insuflar a confusão em São Paulo. Não custa observar: na própria segunda, dia 17, já estava claro que Dilma era um dos alvos dos protestos que se estenderam Brasil agora. Nada menos de 100 mil tomaram as ruas no Rio, contra 65 mil em São Paulo. Ocorre que a capital fluminense tem metade da população da capital paulista.
Bem, conhecemos o resto da história. O Planalto tem em mãos pesquisas de opinião demonstrando que esses eventos têm sido devastadores para o prestígio de Dilma. Em São Paulo, os petistas têm números indicando que a reputação do petista Fernando Haddad despencou. Vai se recuperar? Não sei. No momento, é um pato manco. Passou a imagem de hesitante, ausente, trapalhão — em seu próprio partido, a avaliação é bastante negativa. É bem verdade que, no caso dos ônibus, acabou vítima do próprio governo federal.
E o Zé?
Três dias depois, quando ficou claro que o PT havia se tornado um dos principais prejudicados pelo baguncismo que o partido incentivou, o Zé  mudou de ideia. E os estafetas tiveram de dar nó no verbo. Sim, claro, claro, o Zé reconhece o direito que as pessoas têm de se manifestar, mas… Leiam o que escreve.
(…)
Mas há uma tentativa de setores políticos e sociais de tomar conta de alguns atos, deixando num segundo plano essas reivindicações majoritárias.
Com amplo apoio da mídia – que num primeiro momento taxou as manifestações de baderna e exigiu repressão -, esses setores procuram mobilizar abertamente sua base social de oposição para ir às ruas. Para tanto, inclusive explorando as palavras de ordem contra a corrupção, a PEC 37, contra os partidos, dando continuidade a uma agenda que a mídia alimentou esses últimos anos contra a política em geral, o que sempre acaba em ditadura.
(…)
Em São Paulo, assusta a passividade adotada pela PM. Ela não pode agir com repressão, mas não pode se abster de cumprir seu papel responsável de força policial.
Comento
Entenderam? Há meros três dias entre um texto e outro. A “polícia repressora” — aquela que foi demonizada pelos petistas, inclusive por Fernando Haddad — agora é acusada de “passiva”. O que antes era uma retomada gloriosa das ruas passou a ser palco de manobras da direita. Segundo Dirceu, a “mídia”, que antes apoiara a repressão (ISSO NUNCA ACONTECEU!), agora estaria incentivando as manifestações.
E, claro, ele reclama da pauta, que considera moralista, a saber: a PEC 37 e o combate à corrupção. (...)
Mensalão
Vou contar por que José Dirceu está com medo. Percebeu tardiamente que uma das reivindicações das ruas — correta, é evidente — é o fim da impunidade. A praça pública já percebeu que há gente querendo assar algumas pizzas no Supremo. Ele teme que se tenha estreitado o espaço para as manobras.
Pois é… Dirceu já teve duas caras diferentes em razão de plásticas feitas em Cuba, mas a de pau sempre foi a mesma.

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