quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

PT, que governa com o programa alheio, agora decide mudar a Previdência dos futuros servidores públicos federais.

Ao menos isso… Mas vejam o que o partido fez em São Paulo, onde é oposição
Reinaldo Azevedo

Leiam trechos do que informa Gabriel Castro, da VEJA Online.
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Câmara aprova novo fundo para servidores públicos

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira o texto-base da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público (Funpresp).
(..)

A proposta do governo mira um fato há muito tempo conhecido dos especialistas: as dificuldades da seguridade social no Brasil envolvem, em grande parte, as aposentadorias do serviço público. Para se ter ideia, em 2010, o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que serve os trabalhadores do setor privado, desembolsou 255 bilhões de reais (6,8% do PIB) em benefícios para cerca de 24 milhões de pessoas. No mesmo ano, o RPPS, do funcionalismo, desembolsou 78 bilhões de reais (2,1% do PIB) em benefícios para menos de 3 milhões de pessoas.
Diante disso, grosso modo, conclui-se que o valor unitário de uma aposentadoria no RPPS é mais que o dobro de um benefício médio no RGPS.

Além disso, na gestão petista, a já inchada máquina pública recebeu milhares de novos profissionais, o que provoca uma despesa permanente para o setor público.

Inversão de papéis

Como já aconteceu outras vezes durante a gestão petista, o tema provocou uma inversão de papeis no Congresso. O PT, que antes acusava o governo tucano de querer privatizar a Previdência, transformou-se em alvo.
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) queixou-se de que seus adversários políticos querem entregar tudo à iniciativa privada:

“É de assustar como o PT, o PMDB e outros partidos caminham num sistema de privatização de tudo, não apenas na Previdência.
A educação e a saúde estão sendo entregues a entidades e ONGs de forma totalmente irresponsável”
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Bruno Araújo (PSDB-PE), líder tucano, também ironizou a postura petista:

“Um partido que sonhou com um sistema econômico e teve que acordar adotando o do PSDB”.

Base rachada

Já os governistas adotaram um discurso de austeridade:

“A maioria dos trabalhadores brasileiros não pode sustentar um déficit do qual dois terços são causados pelos servidores públicos”, afirmou Edinho Araújo (PMDB-SP).

“A proposta não é a discussão do déficit. É a discussão do sistema de aposentadoria sustentada que atenda aos interesses dos trabalhadores do serviço público do país e que não corra riscos”, justificou o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP).
O PDT, embora aliado do governo, votou contra o projeto. O PSB se dividiu.

Hoje, há 29 milhões de aposentados pelo regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e outros 960 mil aposentados pelo estado. Ainda assim, os servidores públicos são os maiores responsáveis pelo déficit da Previdência.

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Ser petista é sinônimo de não ter vergonha de nada.
O complemento aí é desnecessário.
Fiquemos assim: é não ter vergonha. Ponto. Já está de bom tamanho.

Há 12 anos se tenta votar uma proposta parecida, sem sucesso.
Por quê? Porque o PT nunca deixou.

O governo FHC quis reequilibrar essa equação. Não conseguiu.
A central sindical petista botou nas ruas os tontons-maCUTs… Como o partido controla os sindicatos de servidores, era fácil investir na baderna.

Agora no governo, é fácil manter a tropa de choque aquartelada.

Texto idêntico foi votado para os servidores estaduais de São Paulo na semana passada.

O PT, entusiasta da proposta na esfera federal, onde é governo, combateu-a em São Paulo, onde é oposição.

Vocês entenderam a natureza desses patriotas?
Os tucanos, coerentes, ficaram a favor nos dois casos.

Ontem, no Jornal da Globo, Heraldo Pereira entrevistou os deputados Jilmar Tatto (SP), novo líder do PT na Câmara, e Ivan Valente, líder do PSOL. Este último atacou a mudança — e votou contra, junto com o DEM. Tatto cantou as suas glórias. Nem parecia o representante daquele partido que repudiava a reforma no governo tucano e que votou há dias contra a mesma proposta na Assembléia Legislativa de São Paulo.

Eu apóio a medida? Claro que sim!
O sistema vigente no Brasil é uma piada macabra, o elogio da irresponsabilidade.
Isso começará a ter efeitos concretos só daqui a 30 anos, já que vale apenas para os servidores que entrarem no serviço público depois da aprovação do texto.
Dado o buraco, eu duvido que o país vá poder esperar tanto.
Nas próximas três décadas, é muito provável que alguma mudança tenha de ser feita para corrigir o descalabro vigente com o funcionalismo que já está aí.
Mas a esse grau de evolução o PT ainda não chegou.

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