segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O QUE DEVERIA TER SIDO DITO HÁ TEMPOS, JÁ PERDEMOS QUASE DEZ ANOS

Inescapável, por Fernando Henrique Cardoso
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Como seria bom que pudéssemos apenas nos deliciar com a sensibilidade e a inteligência da crônica de Roberto Da Matta sobre os elos humanos que aparecem na novela Avenida Brasil, não tão diferentes dos que relacionam o antropólogo com seus objetos de estudo. Ela nos dá um banho de vida.

Infelizmente, nesta semana não dá para falar apenas das estrelas. A dura realidade é que nela começa um julgamento histórico sobre o qual não faltaram palavras sensatas.
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Por mais que se deseje ser objetivo, tenho tentado, e, por mais prudente que se deva ser na antevéspera do julgamento (no momento em que escrevo este artigo), é inegável a sensação de que talvez estejamos no começo de uma nova fase de consolidação das instituições democráticas.

Existe também o temor de que ela se perca. É isso que produz ansiedade e faz com que os comentaristas mais perspicazes (incluo neles Merval Pereira), ao falar sobre o tema, acabem por deixar transparecer o que gostariam que acontecesse.

De minha parte torço para que não haja impunidade. Calo sobre quem deva ser punido e em que grau, mas não se deve obscurecer o essencial: houve crime.

Embora, portanto, esteja engrossando o número dos obcecados com o mensalão, não posso esconder certa perplexidade diante da despreocupação com que recebemos as notícias sobre a crise internacional, como se, de fato, a teoria da marolinha tivesse substituído o bom senso na economia.
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Tudo indica, portanto, que os efeitos da crise mundial, somados à inércia nas transformações de fundo da economia que marcou o governo Lula, acabaram por levar nossa economia, se não às cordas, ao canto do ringue.
(continua)

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