quarta-feira, 29 de agosto de 2012

TAL PADRINHOS, TAL AFILHADO

Haddad protagoniza o maior escândalo da campanha eleitoral até agora

Por Reinaldo Azevedo

Fernando Haddad, candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, tem razão. O caso da mentira que seu programa levou ao ar — o homem que estaria esperando há dois anos por uma cirurgia de catarata — é o evento mais grave da campanha eleitoral até agora em São Paulo.

É grave porque se nota que o partido não tem mesmo escrúpulo. Se preciso, mente, trapaceia, mistifica. É grave porque conta com o auxílio de setores da imprensa em defesa da mentira. Ao restituir a verdade — procurada, diga-se, pela reportagem do Estadão —, a Secretaria de Saúde foi acusada de quebrar o sigilo do prontuário médico.

Ou por outra: um setor do jornalismo e o candidato petista adotam a mentira como norte ético. Nunca vi nada assim.
Escândalo, convenham, é que a desgraça alheia seja explorada no horário eleitoral da TV e de forma deslavadamente mentirosa. De agora em diante, a campanha do PT está livre para mentir sobre o que bem entender. Agressão grave passou a ser a verdade.
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Confiram reportagem sobre o caso: 

O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, acusou ontem a prefeitura de divulgar o diagnóstico de um paciente da rede municipal de Saúde para desqualificar seu programa eleitoral e beneficiar seu rival na disputa, o tucano José Serra. Na última sexta-feira, a propaganda de Haddad exibiu o depoimento do caminhoneiro José Machado, que afirmou esperar há dois anos uma cirurgia de catarata. Na fala, ele diz que a doença o impediu de trabalhar e prejudicou sua visão. 

O relato foi questionado pela Secretaria Municipal de Saúde. Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", a pasta informou que "a hipótese de diagnóstico" de Machado não era catarata e que não há fila para cirurgia da doença em São Paulo. "Isso me parece um erro grave que a prefeitura cometeu para favorecer uma candidatura", disse Haddad, que criticou a "divulgação do prontuário médico". Questionado sobre a divergência entre os diagnósticos, Haddad disse que o paciente colocaria exames à disposição e que, qualquer que seja a doença, o sistema falhou ao atender Machado. 

Ontem, a Secretaria de Saúde divulgou nota sobre o caso. Disse que iniciou a apuração para averiguar a queixa feita por Machado e negou ter quebrado o sigilo do diagnóstico do paciente.

"A apuração revelou inconsistências entre a versão veiculada na campanha e o que de fato houve. O tempo de espera relatado e o tratamento indicado são notoriamente inverídicos", diz a nota. A campanha de Haddad apresentou pedido de exame de Machado cuja justificativa para a análise é catarata.  

No entanto, a caligrafia em que a doença foi escrita difere da que foi usada para grafar o nome do paciente. 
O PT diz que o material já foi entregue à campanha daquela forma.  

(Folha de São Paulo)

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