domingo, 18 de março de 2012

ENXUGANDO GELO

Por Arthur Virgílio

O crescimento de 7,5% em 2010 foi artificializado pela gastança eleitoreira e cumpriu seu objetivo: eleger Dilma Rousseff Presidente da República. A conta, agora, vai chegando e, como sempre, será paga pelos brasileiros remediados e pobres.

Prosseguir o ciclo de reformas estruturais iniciados por Fernando Henrique e que mudaram a face do país? Nem pensar!

Interesses localizados seriam tocados. Tiraria votos. Ameaçaria as próximas possíveis vitórias eleitorais e esse é o verdadeiro altar da devoção de Lula e seus “companheiros”.

Promover medidas de ajuste fiscal, cortando gastos públicos supérfluos, extinguindo 70% dos cargos comissionados (os postos de assessoria seriam preenchidos por funcionários de carreira, à base da meritocracia), varrendo Ministérios inúteis e economizando cada real que é desperdiçado? De jeito nenhum.

Onde seriam acomodados os militantes, que só servem para vaiar adversários e patrulhar as mídias sociais?

Combater efetivamente a corrupção, que subtrai dinheiro precioso do investimento público e, vindo o exemplo de cima, desmoraliza todo o tecido da máquina pública?

Mas como, se o governo é fortemente composto por “consultores”, como José Dirceu, Fernando Pimentel, Antonio Palocci, que fazem mesmo é traficar influência, praticando a chamada advocacia administrativa?

Tapar os ralos do desperdício, que se confundem com os da corrupção, a exemplo de obras faraônicas e desnecessárias, que se têm começo, não têm meio e nem fim, como é o caso da transposição das águas do rio São Francisco? Jamais.

Como ficam as empreiteiras “amigas”, sempre generosas na disponibilização dos seus jatinhos para o palestrante mais “notável do planeta”?

É, aliás, excelente notícia a complicação do trem bala com o Ministério Público e a Justiça. Jamais ouvi falar de projeto tão desnecessário, cínico, dispendioso e desrespeitoso em minha vida pública.

As mágicas que as reformas de Fernando Henrique, junto com a conjuntura internacional excepcionalmente benigna, permitiram a Lula brincar de “mágico” e enganar a nação.

Dilma não tem a mesma margem de manobra. Infelizmente, tal como seu padrinho, patrono e antecessor, recusa-se a encarar com seriedade os problemas que estão a sua frente.

A economia cresceu apenas 2,7% em 2011 (Mantega falava, levianamente, em 5%). Para 2012, trefegamente, ele anuncia 4,5%, quando o Banco Central prevê 3,3%, o mercado avaliza 3% e o Crédit Suisse insiste em 2,5%.

Enquanto isso, a inflação alta, sempre acima do centro da meta já, por si só, elevado demais, vai, aos poucos, corroendo o poder de compra dos segmentos mais pobres da população.

Melhor advertir duramente do que bajular torpemente.

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