segunda-feira, 5 de março de 2012

OS "ESTADISTAS" DO PSDB E AS ELEIÇÕES DE 2012

Roney Maurício


Os amigos que me acompanham há mais tempo no Twitter e no Facebook hão de se lembrar de uma proposta algo excêntrica, que fiz logo ao fim das eleições de 2010. Sugeria que Serra, FHC e Itamar se candidatassem às respectivas prefeituras de São Paulo, Rio e BH. Não que acreditasse na viabilidade da sugestão, mas para frisar a importância que dava, e ainda dou, às eleições municipais desse ano.

Eu as comparava, e continuo comparando, com as eleições de 1982, fundamentais para o processo de redemocratização no Brasil. Não fosse a vitória acachapante da oposição no chamado "triângulo das Bermudas" e talvez fossem diferentes os rumos institucionais que se seguiram ao fim do mandato do último presidente militar. As vitórias de Montoro, Brizola e Tancredo certamente abreviaram o fôlego da ditadura e apressaram as soluções que acabaram na eleição indireta de Tancredo, pondo fim, na prática, ao período autoritário.

Guardadas as proporções, penso se assemelharem as eleições municipais desse ano àquelas estaduais de 30 anos atrás: o projeto de hegemonia política do chamado "lulo-petismo" só rivaliza, em grau de abrangência, com a ditadura militar e seus planos de continuar no poder, mesmo com a almejada distensão política. Naquele tempo, como agora, o "triangulo das Bermudas" era a última salvaguarda, a derradeira barreira, ultrapassada a qual as oposições estariam completamente derrotadas. Como não existe democracia sem oposição, no passado tanto quanto agora trata-se, a rigor, de se preservar tal regime.

Voltando à minha heterodoxa sugestão, mudaram razoavelmente as circunstâncias que a envolveriam: morreu o ex-presidente Itamar, enfraqueceu-se ainda mais a oposição e, via de consequência, fortaleceu-se ao paroxismo a aliança que sustenta o lulo-petismo.
Nas 3 capitais mais importantes do Brasil, apenas o PSDB pode oferecer alternativas eleitorais às candidaturas oficiais do regime.

Vamos à análise de hipóteses: quem poderia fazê-lo em cada capital?
Em São Paulo não resta qualquer dúvida; só Serra poderia, eventualmente, se contrapor à verdadeira obsessão de Lula e do PT pela prefeitura. No Rio, a irrelevância do PSDB local obrigaria a uma solução de caráter nacional. Ora, quem senão FHC seria o "carioca" mais ilustre do partido? Em BH, naturalmente, só Aécio poderia cumprir papel semelhante (aliás, registre-se que foi o único cargo para o qual o atual senador não conseguiu se eleger).

Agora imaginem se Brizola resolvesse desistir da sua candidatura ao Rio em 1982. Ou sequer a cogitasse e assim se elegesse um áulico do regime militar, salvo engano, Moreira Franco. Imaginem também que Tancredo optasse por uma terceira via em coligação com o partido da ditadura e igualmente desistisse do seu sonho de ser governador de Minas. Pois é o que, absurdamente, acontece atualmente: FHC não deve ter sequer cogitado concorrer à prefeitura do Rio e Aécio apoia uma terceira via em aliança com o partido de Lula!

Dos 3 "estadistas" do PSDB apenas Serra demonstra cabedal, estofo e coragem para assumir os riscos e talvez abandonar seu projeto político pessoal em favor da democracia. FHC se omite. Aécio faz aliança com o diabo.

São Paulo é o último bastião da democracia no Brasil!

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