segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A ENGANAÇÃO DE DILMA

Promessas de campanha são alteradas em versão no site da Presidência 
Além de descumprir promessas, Planalto edita compromissos de 2010
PAULO CELSO PEREIRA - O GLOBO

Campanha é campanha, governo é governo. A máxima usada há anos na política brasileira está sendo convalidada pelo governo da presidente Dilma Rousseff. Não bastasse a dificuldade de cumprir as promessas feitas em 2010, o governo da presidente hoje sequer reconhece como promessas pontos outrora alardeados. A página oficial da Presidência da República na web contém uma seção específica com as “Diretrizes de governo” da presidente. Trata-se de uma versão ligeiramente resumida e editada do documento “Os 13 compromissos programáticos de Dilma Rousseff para debate na sociedade brasileira”, apresentado na campanha presidencial. 

O problema é que há alterações sensíveis na abordagem de temas nos quais a ação do governo acabou sendo pífia, como expansão do crescimento econômico e política energética.
(...)

O trecho “O crescimento não é sustentável sem estabilidade econômica, mas a estabilidade não se sustenta sem crescimento”, que já sinalizava uma possível flexibilidade nos preceitos da estabilidade econômica o que de fato ocorreu — em nome de um maior crescimento — que não veio — constava no documento de campanha, mas foi limado na versão da página da Presidência.

Outro trecho que sumiu na “edição” do Planalto dizia respeito à sensível questão na política energética. Em seu texto de campanha, a então candidata assegurou: “A política energética se antecipará às demandas de um país que vive — e cada vez mais viverá — um longo período de crescimento acelerado.”

O trecho sumiu na versão atual.

A Secretaria de Imprensa da Presidência alega que o texto “não é um 'programa de governo', assim como não se tratava o documento original divulgado na campanha, que não pretendia abarcar toda a temática de uma gestão, mas um grupo selecionado de prioridades”. No entanto, no lançamento do documento original, em outubro de 2010, a versão da presidente, então candidata, era outra:

— São esses 13 compromissos que fundam a nossa governabilidade. Obviamente, são gerais, podem fazer alguma referência a metas, mas têm o sentido de dar diretrizes. (...) Estamos formalizando para o futuro porque, se Deus quiser, e eu for eleita, será a base para a governabilidade.


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