Credibilidade, a chave
Por Pedro Luiz Rodrigues
Tenho batido na tecla de que a credibilidade é elemento fundamental, a ser defendido com unhas e dentes pelos líderes políticos e os dirigentes públicos, pois será a moeda de troca que terão para interagir com a sociedade em momentos difíceis.
A tapeação, a mentira e a empulhação como instrumentos de gestão pública podem até funcionar por algum tempo, manipuladas pelo carisma de líderes populistas que, não raramente, acabam se julgando mágicos, enfeitiçados por seu próprio poder de sedução.
(...)
Com o recurso à propaganda, então, a realidade é para os crédulos permanentemente mascarada pelo véu diáfano da ilusão. Uma ilusão, contudo, que só durará até o choque de realidade de cada edição do telejornal da noite.
São milhões, bilhões, gastos com dinheiro público, para promover essa Disneylândia psíquica na cabeça dos pobres trabalhadores que, na vida real, muito pouco poderão contar com os serviços públicos prometidos nas campanhas eleitorais.
Nos meses que antecederam as últimas eleições, a Petrobrás, por exemplo, gastou rios de dinheiro para apresentar-se como empresa modelar, de um país modelar, governado modelarmente.
Isso no mesmo ano em que a empresa deverá (os dados finais ainda não foram fechados) apresentar a terceira queda de produção em 59 anos (as outras duas foram em 1990, no governo Collor, e em 2004, no governo Lula).
E a propaganda quanto aos avanços na área da saúde, em nível federal e estadual, levando nossos pobres e remediados a acreditar que viraram cidadãos dinamarqueses!? O jornal Nacional, ontem, mostrou os hospitais de Brasília fechados e sem médicos, prestando um péssimo atendimento à sociedade (e isso no Distrito Federal, onde o governador é formado em Medicina).
Depois, a farra dos números e previsões, que vem se intensificando sob a batuta de mestre Mantega. Celso Ming, em artigo recente, usou imagem excelente para explicar suas manobras para fazer parecer que as metas estão sendo cumpridas: querem obrigar as contas públicas a usar espartilhos!
É tudo muito engraçado, mas uma coisa é se tapear o honrado público interno, incapaz de reagir. A outra, contudo, é querer achar que o público externo reagirá a potocas com similar placidez.
As Embaixadas, os correspondentes estrangeiros, as empresas, os bancos, as agências de classificação de risco, estão todos atentos e analisando para seus governos e patrões o andar da carruagem por aqui.
A estabilidade macroeconômica brasileira foi o que possibilitou todas as conquistas no País desde a implantação do Plano Real.
As forças para alterar essa quadro, sob as alegações ‘desenvolvimentistas’ de sempre, estão mais fortes do que nunca.
Cabe agora ao Governo, mais do que nunca, exigir trabalho a seus integrantes e controle, muito controle, da língua.
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