sábado, 23 de março de 2013

As pesquisas eleitorais: o que é circunstancial e o que é estrutural

Sem confronto de valores, não há oposição possível

Reinaldo Azevedo

(...) Dilma tem tudo para se eleger no primeiro turno em 2014, feito que nem Lula conseguiu nas duas jornadas em que venceu. (...) Sim, caros, há elementos inerentes à própria narrativa, que independem de armações e circunstâncias, que explicam esse resultado. Mas é claro que há também, como chamarei?, um buliçoso movimento dos espertos. Falemos um pouco das espertezas. Depois volto às questões de fundo.

As circunstâncias 
Dilma apareceu na TV no dia 8 de março — Dia Internacional da Mulher — para anunciar a DESONERAÇÃO (?) dos produtos da cesta básica. Pouco antes, havia feito o anúncio, batendo bumbo, da redução da TARIFA DE ENERGIA. Naquele mesmo dia 8, o Ibope havia começado a colher os dados sobre a sua popularidade, que prosseguiu, segundo o instituto, nos dias 9 e 10 — os dados só seriam anunciados dez dias depois, a 19 de março.
 
Assim, com o noticiário, inclusive o da TV, tomado pela tal desoneração, com direito a pronunciamento oficial, o Ibope foi a campo: “O que você acha de Dilma?” O resultado foi aquele que se viu. Nem poderia ser diferente. Sua popularidade havia, é evidente, crescido. Na quarta e na quinta, 20 e 21 de março, os números recordes da presidente ganharam grande destaque: para 63%, o governo é ótimo ou bom; 79% aprovam seu jeito de governar.

Também nesta quarta e quinta, enquanto a imprensa e as redes sociais estavam inundadas com essas notícias, aí foi a vez de o Datafolha fazer a sua pesquisa, esta de intenção de voto. Bidu! Dilma cresceu de 54% em dezembro para 58% agora; Marina e Aécio oscilaram dois pontos para baixo — 16% ela, apenas 10% ele. Quem oscilou dois para cima foi Eduardo Campos, que aparece com 6%. Ah, sim: um dia antes de o Datafolha fazer suas entrevistas, a imprensa brasileira havia dado grande destaque ao encontro de Dilma com o papa Francisco. Como se sabe, ela deslocou a Corte de Dario para Roma, gastando mais ou menos meio milhão de reais em três dias. 

Quem se importa?

Falta coisa. O Ibope, que, segundo afirmou, foi a campo entre 8 e 10 para fazer a avaliação de Dilma para a CNI, voltou às ruas, nesse clima de oba-oba, entre os dias 14 e 18, aí a serviço do Estadão, que também publica neste sábado uma pesquisa. 
(...)
 
Todas as dificuldades e irresoluções do governo e do país — inflação acima da meta, baixo crescimento, investimento pífio — não chegaram à população. A economia ainda ancorada no consumo sustenta a fantasia de um Brasil que resolveu todos os seus problemas. E olhem que não faltam dificuldades, como a pior seca do Nordeste nos últimos 40 anos (a popularidade de Dilma voltou a crescer na região, diz o Ibope), a encalacrada da Petrobras, um serviço de saúde miserável, a infraestrutura capenga (vejam aquela estúpida e inacreditável fila de caminhões nas estradas rumo ao Porto de Santos)… De A a Z, dá para escolher.
 
“Ah, mas o povo vive bem!” Ainda que isso fosse uma verdade absoluta — e ouso dizer que não é (mas não me estenderei agora sobre a tal “classe média” com renda per capita acima de R$ 300… é piada!) —, é evidente que sobraria espaço para a oposição, não é?

Leia a íntegra AQUI.

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