terça-feira, 5 de março de 2013

PREPARE O BOLSO PARA JOGAR DINHEIRO FORA

Prepare o bolso: os elefantes brancos estão à solta no país

ESTÁDIOS PARA A COPA - Eles consumirão um total de 7 bilhões de reais, mas essa gastança será só o começo - os estádios ainda custarão muito dinheiro ao contribuinte brasileiro  

Giancarlo Lepiani, Veja

Obras atrasadas, orçamentos estourados e escassez de investimentos privados marcaram a empreitada brasileira para construir os palcos da Copa do Mundo de 2014. Para alívio dos organizadores, porém, os estádios deverão estar prontos, ainda que em cima da hora (e, em alguns casos, ainda perigosamente incompletos no ensaio geral para o Mundial, a Copa das Confederações).

Superado esse desafio, o país terá de encarar outra grande encrenca, talvez até maior: a administração e conservação das modernas arenas erguidas para o torneio. Os especialistas alertam que os custos de construção são apenas uma fatia do valor consumido por um novo estádio durante suas primeiras décadas de existência. Ou seja, a longo prazo, gerenciar e preservar uma construção desse tipo custa até mais caro que erguê-la.

Resultado: o Brasil ainda gastará muito dinheiro com os estádios, mesmo depois de 2014. Para complicar, pelo menos cinco cidades-sede terão arenas que dificilmente serão utilizadas com a frequência necessária para pagar as contas.

O contribuinte brasileiro precisa estar preparado desde já. Afinal, nove dos doze estádios da Copa são empreendimentos públicos, o que abre uma perspectiva preocupante.
(...)

Não era isso que se prometia, evidentemente, quando o Brasil foi escolhido para sediar o Mundial, em 2007. O então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, anunciava ao povo brasileiro a "Copa do Mundo da iniciativa privada", garantindo que atrairia investidores interessados em erguer as arenas sem qualquer envolvimento das três esferas de governo. A afirmação já despertava profunda desconfiança, é claro. Mas poucos esperavam que a realidade seria tão distante da promessa.

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Tomando-se como base as últimas estimativas de preço dos estádios públicos da Copa, as obras de construção e reforma dessas arenas somarão pelo menos 5,7 bilhões de reais (quando se incluem os privados, chega-se a quase 7 bilhões). 

Nas próximas cinco décadas, porém, esses projetos deverão consumir um montante bem maior, com um custo de manutenção e preservação de mais de 27 bilhões de reais - e um custo total de até 33 bilhões de reais. 

Se os estádios são tão caros e algumas das cidades parecem não ter meios de mantê-los sem desperdiçar dinheiro, o que levou, afinal, o Brasil a indicá-las como sedes? 

Como é de costume no país, culpa da política, que sobrepujou o bom senso e colocou o gasto perdulário de dinheiro público em segundo plano. Houve esforço de sobra para contemplar aliados e atender a interesses muito distantes do futebol.
(...)

Agora, no entanto, já é tarde demais - e a conta dos elefantes brancos será repassada aos nossos filhos e netos.

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