Milícias fascistoides tentam bater em jornalista. Sentem-se incentivados pelas falas de Gilberto Carvalho e Rui Falcão e estimuladas pelo arremedo de jornalismo financiado por estatais...
Por Reinaldo Azevedo
O
jornalista Merval Pereira, colunista no Globo e comentarista do
GloboNews, denunciou na sua coluna de domingo, no jornal, algo muito
grave. Na coluna, reproduzida em seu blog, ele
conta que foi à inauguração, na sexta-feira à noite, do museu MAR, na
praça Mauá, zona portuária do Rio. Havia lá, informa, vários grupos de
protesto. Os mais ruidosos atacavam a revitalização da área e criticavam
a MP dos Portos, que já classifiquei aqui de um dos acertos do governo
Dilma. Muito bem!
Reproduzo, em azul, trecho de seu artigo, intitulado “Meu momento Yoani”. Leiam com atenção.
“(…)
As pessoas que saiam da festa de
inauguração forçosamente tinham que passar pelos manifestantes para
pegar seus carros, e houve momentos em que as agressões verbais chegaram
às raias da agressão física.
Uma senhora que ia à nossa frente foi
chamada de “fascista” por um manifestante, que gritou tão perto do seu
rosto que quase houve contato físico.
Passei pelo grupo com minha mulher sob os gritos dos manifestantes, e um deles me reconheceu. Gritou alto: “Aí Merval fdp”.
Foi o que bastou para que outros cercassem o carro em que estávamos,
impedindo que saísse. Chutaram-no, socaram os vidros, puseram-se na
frente com faixas e cartazes impedindo a visão do motorista. Só
desistiram da agressão quando um grupo de PMs chegou para abrir caminho e
permitir que o carro andasse.
Foram instantes de tensão que permitiram
sentir a violência que está no ar nesses dias em que, como previu o
Ministro Gilberto Carvalho, “o bicho vai pegar”. É claro que o que
aconteceu com a blogueira cubana Yoani Sanchez nem se compara, mas o
ocorrido na noite de sexta-feira mostra bem o clima belicoso que os
manifestantes extremistas estão impondo a seus atos supostamente de
protesto.
(…)
Muito bem, meus caros. Já volto à manifestação. Antes, algumas
outas considerações. Nesta segunda, Rui Falcão, presidente do PT,
participou da abertura do Congresso Nacional de Trabalhadores Rurais da
Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura). Esse
modelo em que o chefe do partido fala a uma categoria que está sob a
tutela da legenda tem história: é de inspiração fascista. Não é assim
porque eu quero. É assim porque é o que informa a história. Falcão
aproveitou a oportunidade para, mais uma vez, pregar o que os petistas
chamam “democratização da mídia”, demonizado, uma vez mais, a imprensa
brasileira. “Democratização”?
A fala
acontece três dias depois de o Diretório Nacional do PT ter divulgado
uma resolução que trata do mesmo assunto. No documento, a referência
para a tal “democratização” são as propostas contidas no Fórum Nacional
de Democratização da Comunicação. No sábado de manhã, escrevi um post a respeito.
Demonstrei que o tal fórum defende, sem meias-palavras, que os
“representantes da sociedade civil” — valer dizer: os petistas —
controlem o conteúdo do que é veiculado pela imprensa. Assim, o que o PT
chama democratização é, em verdade, ditadura partidária. É simples
assim.
Pois bem… A
violência retórica do petismo contra a imprensa tem crescido. Órgãos
financiados pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal
hostilizam abertamente os jornalistas considerados “de oposição” — ou
incômodos ao governo — e abrem suas respectivas áreas de comentário às
manifestações explícitas de ódio. Reitero: não se trata de exercício da
divergência, por mais dura e azeda que fosse. Não! É satanização mesmo,
com estímulo ao linchaento.
Lá do Palácio do Planalto, no ano passado,
Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, avisou: “Em 2013, o
bicho vai pegar”.
E está
pegando. Como se vê, dados a fala de um ministro de estado, a permanente
pregação dos petistas contra a imprensa e o incentivo do subjornalismo
chapa-branca (que, reitero, publica comentários os mais desvairados,
incentivando o pega-pra-capar), os ditos “militantes” decidiram partir
para a ação direta. Antes, eles só protestavam, gritavam, xingavam.
Agora não! Impunes, certos de que nada vai lhes acontecer, eles
decidiram que é hora de começar a espancar aqueles de que discordam. É
uma nova fase da sua “luta”.
Já não
bastam mais as tentativas de linchamento moral; já não bastam mais as
correntes organizadas de difamação na Internet. E olhem que eles se
especializaram nisso! Como revelou reportagem da
mais recente edição de VEJA, o rapaz que desenvolveu um programa, um
método mesmo, para achincalhar os adversários do PT (ou os assim
considerados pelo partido) é funcionário do deputado André Vargas
(PT-PR), vice-presidente da Câmara. Seu nome é André Guimarães. Ele já
vende seus serviços a quem estiver disposto a comprar. A depender do
pacote, pode custar de R$ 2 mil a R$ 30 mil. Então ficamos assim: as
estatais pagam a rede suja, e a Câmara paga um expert em difamação. Não é
mais o suficiente.
Também
isso tem história. Também isso obedece a uma gradação. Ao discursar para
uma multidão no dia 10 de fevereiro de 1933, 11 dias depois de Hitler
ter se tornado chanceler da Alemanha, Goebbels anunciou uma guerra contra a imprensa dos “judeus insolentes”.
Em sua fala, fica evidente que a máquina difamatória contra os inimigos
era apenas a primeira etapa do processo. E ele anunciava ali: “Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas mentirosas!” Quando “a paciência” dos nazistas acabou, a gente sabe bem o que fizeram.
Então é isto:
– a paciência de Gilberto Carvalho conosco acabou;
– a paciência de Rui Falcão conosco acabou;
– paciência da subimprensa a soldo conosco acabou.
Agora é chegada a hora de calar, na porrada, a boca dos “judeus insolentes”, que somos nós.
É uma vergonha, presidente!
(...)
Em recente
evento do PT, lá estava fazendo o seu trabalho uma jornalista de TV.
Assim que um dos chefões petistas fez um ataque à “mídia” e à sua
suposta parcialidade, uma idiota gritou: “Fulana de tal está Aqui!!!”
(...)
Não
adianta Dilma fazer cara de paisagem e fingir que não tem nada com isso.
Tem, sim, presidente! Todos têm o dever de zelar pelas leis e pela
Constituição, mas ao presidente da República é reservado também o papel
de liderança moral, não de chefe de facção. Essa história de que ela
nada pode no partido é, lamento!, mera conversa mole de quem está na
zona de conforto. Se não tem como impedir a pregação bucéfala dos
petistas, tem ao menos como censurá-la. Ademais, enquanto dinheiro
publico continuar a irrigar campanhas organizadas de difamação, que já
começam a resultar em agressão física, Dilma tem, sim, “a ver com isso”.
(...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário