quarta-feira, 6 de março de 2013

NEM TANTO ÀS CHAMAS

Dora Kramer, O Estado de S.Paulo

É como se diz: de boas intenções o inferno está cheio. A presidente Dilma Rousseff não teve - isso fica evidente no exame do contexto da declaração - o propósito de pregar a lógica da terra de ninguém em períodos de campanhas eleitorais.

"Se a gente está no exercício do mandato, temos que nos respeitar porque fomos eleitos pelo voto direto do povo brasileiro", disse a presidente durante encontro com prefeitos e o governador da Paraíba ao defender a ideia de que "desde o início do governo Lula" mudou a forma de relacionamento do governo federal com os partidos.

Segundo ela, o tratamento é igual para todas as administrações, independentemente de serem comandadas por governistas ou oposicionistas. Até aí, nada demais, a não ser o distanciamento da realidade pintada com cores mais leves do que na verdade se apresenta. No cotidiano, prefeitos e governadores não fazem declarações de caráter crítico na política justamente para não correrem o risco da retaliação política.

Há prestadores de serviços ao governo federal que recentemente foram sutilmente alertados de que não estavam sendo bem vistas tentativas de aproximação deles com a equipe do governador de Pernambuco Eduardo Campos, do PSB, por causa de possível candidatura à Presidência.

Se tivesse parado na defesa de sua isenção, Dilma teria incorrido apenas no pecadilho da inverdade oratória. Mas a presidente resolveu dizer mais e aí contrariou a tese que acabara de defender e traiu o dever de, como governante, guardar a devida reverência às regras.

"Nós podemos fazer o diabo quando é hora de eleição", afirmou a presidente, talvez referida no exemplo de seu antecessor e criador, Luiz Inácio da Silva que, de fato, fez o diabo a quatro para elegê-la: usou o cargo, abusou da máquina, afrontou a Justiça Eleitoral e contrariou seu juramento de posse de prestar obediência à Constituição.

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